Nesta postagem trataremos sobre a
nossa amada planta professora Chacrona ou Rainha. É dito que esta planta é quem
possuí a Luz e, por sua vez, proporciona a Miração. Em termos químicos, seria a
portadora do DMT – Dimetiltriptamina, alcalóide responsável pelas visões que a
Ayahuasca produz em quem a ingere. Particularmente, acho que se prender ao
aspecto químico em detrimento do aspecto psico-místico-espiritual é algo
estúpido. Reduzir a experiência e o aprendizado que estas plantas professoras
nos proporcionam em termos químicos é pequeno demais. Esta discussão fica para outro
momento.
Voltando ao manejo e plantio da
espécie, tenho tido muitos aprendizados a respeito. Primeiro, por ser uma
espécie muito, mas muito difícil de cultivar fora das condições climáticas
adequadas e originais da planta. Segundo, por ser uma espécie vegetal muito
bela e com uma energia diferente. Quando estou próximo das minhas Rainhas, seja
das plantas que estão crescendo, seja fazendo mudinhas, me sinto realmente
muito bem. É algo difícil de objetivar em palavras, mas é uma experiência única
e que me traz muita satisfação, paz e alegria.
A Chacrona ou Rainha é uma
arbustiva da família do Café, portanto uma Rubiácea. Inclusive, as semelhanças
físicas de ambas as plantas são bem notáveis. Na tradição Daimista, esta planta
professora é conhecida como Rainha, a contraparte feminina da bebida Daime ou Ayahuasca,
é a Luz. O Cipó é a contraparte masculina, a Força. Já o nome Chacrona ou
Chacruna, denominação mais comum na UDV, vem do Quéchua “chaqruy” e quer dizer “mistura” ou “mescla”, ou seja, o ingrediente
adicionado ao chá. Uma das espécies, a mais utilizada na tradição Daimista, é a
Psychotria viridis, popularmente
conhecida com Rainha Cabocla. Já na UDV, a Chacrona mais utilizada é a Psychotria Alba, conhecida como Chacrona
Branca. Existem inúmeras outras variedades da espécie e não sei se todas possuem as propriedades necessárias para a produção do Daime/Ayahuasca. Eu, particularmente, somente cultivo as duas citadas. Caso queiram aprofundar o estudo das variedades, consultem:
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Ilustração científica da Psychotria viridis, com os diversos aspectos da planta. |
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Psychotria viridis com seus frutos característicos. |
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Folha e frutos do Café, nome científico Coffea arabica L. |
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Exemplares de folhas de duas espécies de Rainha. Percebam a diferença no formato e tamanho das folhas e a similaridade com a folha do café. |
No meu cultivo, fiz questão de
cuidar das duas variedades, tanto a Rainha Cabocla (Psychotria viridis) quanto a Chacrona Branca (Psychotria Alba). Apesar de focar mais na Rainha Cabocla, Psychotria viridis. Bem, em termos
práticos, não foi muito fácil cultivar está planta aqui na minha região
(Cerrado). Aliás, sendo bem franco, foi difícil demais conseguir criar
condições para que esta notável planta prosperasse em meu jardim. Como disse
anteriormente em outra postagem, o Cipó se adaptou maravilhosamente bem ao
clima seco e quente do Cerrado Brasiliense. Já com as Rainhas foi uma história
completamente diferente.
Perdi diversas plantas até
conseguir firmar as que zelo aqui hoje em dia. Foram em torno de 10 a 12
plantas perdidas. As primeiras Rainhas, inclusive, chegaram a florescer e
frutificar, mas, de repente, morreram sem causas muito claras. Se bem que, na
ocasião, estávamos no mês de agosto/setembro, os meses mais secos aqui no
Distrito Federal. Cuidava muito da irrigação da raiz bem como das folhas, duas
a três vezes por dia. Pesquisando, percebi que estas plantas somente prosperam
quando se cria um micro clima adequado para elas. Este micro clima deve imitar
as condições originais da planta, ou seja, bastante umidade, calor e irrigação
constante. Aprendi isso a duras penas, só de lembrar das minhas primeiras
Rainhas perdidas, fico bem triste...
Agora, depois de algum trabalho,
consegui firmar algumas plantas. Em outras postagens iremos detalhar quais as providências
que tive que tomar para que pudesse ter estas maravilhas vegetais aqui no meu
quintal.