sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dicas de Cultivo do Jagube

Quando decidi começar a plantar o Jagube e a Rainha, não tinha grandes noções técnicas sobre como fazê-lo. Entretanto, quando se tem bom senso e um certo "know how" com outras plantas, não fica tão difícil. Claro que fiz algumas pesquisas na internet e consultei pessoas que já cultivavam essas plantas mas, nada como a experiência direta para nos dotar de conhecimento. Fiz várias tentativas e experiências e, com toda certeza, cometi alguns erros. Todavia, quando se tem um objetivo a atingir, o "erro" é o "caminho do acerto". Zelar por estas plantas também é um "estudo fino". Perdi algumas plantas, outras não se desenvolveram plenamente, mas tenho tido um relativo sucesso na minha empreitada. A seguir, disponibilizo algumas informações básicas sobre o cultivo do Jagube. Numa próxima postagem falaremos sobre a Rainha Chacrona.
O Jagube, também chamado de Mariri, é um cipó e por isso precisa de apoio para crescer. Este apoio pode ser natural (uma árvore) ou artificial (poste, estrado, caramanchão, etc.). Caso a árvore seja frutífera, o cipó pode inibir a produção de frutos. Principalmente frutíferas que produzem diretamente no caule, como a jabuticaba, por exemplo. Contudo, é possível que o cipó cresça sem nenhum apoio ou suporte também. Aqui em meu quintal, tenho um cipó que está crescendo e se desenvolvendo bem e não tem nada para se apoiar. Neste caso, a tendência do cipó e se emaranhar em si mesmo e se espalhar pelo solo.
Este Tucunacá está se desenvolvendo sem subir em nada.
Algumas vezes as ramas, em contato com o solo, enraízam espontaneamente. Daí, é só "desconectar" a rama da planta e teremos um novo cipó. Costumo fazer novas mudas assim, enterrando propositalmente um nozinho da rama e, quando enraíza, corto do restante da planta. Obtenho assim novas plantas, sadias e fortes (Dica excelente do grande Irmão Marcos Gracie Imperial). Outra forma bem simples e eficaz de fazer uma muda é por meio de estacas. É importante que as estacas tenham um diâmetro considerável (grossura de um dedo) e apresentem dois "nozinhos", um embaixo e outro em cima, pois de um se formará a raiz e do outro o pendão. Já consegui enraizar estacas mais finas, mas percebo que a planta demora mais para se desenvolver e, algumas vezes, formam uma planta sem muito vigor, podendo até morrer. Além disso, procuro fazer um corte diagonal na estaca, na parte que irá ficar na terra. Feita a estaca, é só manter o substrato úmido que em poucos dias se forma a raiz e um "pendãozinho".
Algumas estacas feitas por mim. Escolhi o cipó mais desenvolvido dos que tenho aqui, já que a estaquia gera clones com as mesmas características da planta "mãe".

Mais algumas estacas. Estas já apresentam o "pendãozinho".

Algumas mudas em formação. Prova de que o cipó não é tão complicado de cultivar é o fato de que comecei com meia dúzia de mudas e já estou produzindo outras mudas, "filhas" dessas primeiras.
A outra maneira de produzirmos novos cipós é por meio das sementes. Estas ficam viáveis para cultivo até 30 dias após a coleta. São sementes bem interessantes, do tipo "alada". Não aconselho a compra de sementes pela internet, já comprei  e nunca consegui germiná-las.  Outro ponto a considerar é o tempo de germinação e desenvolvimento da planta. Uma semente de Jagube que germina, estará pronta para ir para local definitivo após um ano, em média.
Sementes de Jagube que ainda não caíram. Aqui elas estão verdes, mas elas assumem uma coloração marrom quando se desprendem do cipó. 
Percebi que o cipó não é uma planta "melindrosa", que requer cuidados extremos. Basta cuidar das regas (nem muita nem pouca água), não plantar em locais com vento excessivo (neste caso, providenciar barreiras de vento - naturais ou artificiais) e nem em locais sujeitos à geada, pois pode matar a planta. Com estes cuidados básicos, o cipó se adapta bem a quase qualquer clima. Obviamente que a "facilidade" com o Jagube diz respeito a alguns poucos pés, caso queira plantar cipós em maior quantidade, o manejo será mais complexo e trabalhoso também. Aqui no Distrito Federal temos um clima muito complicado para certas plantas. Em determinadas épocas, o clima é muito seco e o sol extremamente forte. Contudo, o Jagube tem se desenvolvido e se adaptado muito bem, sem grandes "esforços" da minha parte.
Experimentei também plantar alguns cipós em sol pleno e outros em meia sombra. Percebi que não há grande diferença no desenvolvimento das plantas. Aprendi que o mais importante para o desenvolvimento do Jagube em local definitivo é fazer "berços" mais largos do que profundos, ajuntar "palhada" (folhas secas, restos de poda, matéria orgânica) no "pé" da planta. O Jagube possui dois tipos de raiz: uma mais profunda, tipo uma "batatona" e uma mais superficial, que se parece com um "cabelinho". Esta raiz mais superficial vai ser por onde a planta adquire os nutrientes, por isso é importante manter matéria orgânica disponível. Nunca cave a terra em volta do "caule" do cipó, pois você irá danificar esta raiz mais fina e delicada. Apenas deite regularmente matéria orgânica (palhada, adubo de gado, etc) por cima, sem revolver o solo. Aqui em meus cipós, além da "palhada" utilizo mais húmus de minhoca e adubo de gado e o desenvolvimento tem sido ótimo. Estou fazendo uns estudos agora com o "pó de rocha", mas ainda não tive um retorno. Outra dicas importante é fazer o plantio do cipó em consórcio com outras plantas. Aqui, plantei  junto feijão guandu e mandioca, a princípio. Pretendo introduzir outras plantas, principalmente as fixadoras de nitrogênio no solo, as chamadas de adubos verdes (feijões de modo geral, crotalária, amendoim forrageiro, etc)
Meus cipós têm agora em torno de três anos. Alguns estão muito grossos, sendo possível até mesmo utilizá-los para feitio, mas quero esperar um pouco mais, para as plantas ficarem mais "maduras". Estou tendo a primeira florada agora, iniciada em maio de 2013 e ainda acontecendo. Em próximas postagens disponibilizo fotos do Jagube florido (esta imagem de fundo do blog é de um dos meus cipós cheio de flor, lindo demais!).
O mais importante de tudo é experimentar por si mesmo. Algumas dicas podem funcionar bem em certos tipos de solos e climas e em outros não. Portanto, quem quiser se lançar nesse "estudo fino" deve, antes de tudo, pedir ao Poder Superior e não ter medo de experimentar! Grande abraço a todos.

sábado, 20 de julho de 2013

Os primeiros Jagubes

Os primeiros jagubes foram plantados em meu quintal. Não fiz análise de solo ou algo parecido, mas percebo que o solo aqui tem uma tendência a ser mais argiloso. Meu quintal não é muito grande, mas também não é pequeno. Consegui plantar 7 mudas. São 5 Tucunacás e 2 Caupuris. O jagube se adaptou muito bem ao clima do Cerrado do DF. Entretanto, percebi que o Tucunacá se desenvolveu bem mais do que o Caupuri.


Este é um dos tucunacás. Ao lado tem outro. Os dois jagubes estão usando como "suporte" uma árvore conhecida como Capitão do Campo (Terminalia argentea Mart.).


O "Marechal" e o "Capitão". Um bom consócio até agora.


Este é um dos Caupuris. "É Caupuri Mariri"

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O começo de tudo

Bem, o início se deu com algumas mudas de cipó. Um amigo de Minas Gerais, que possui um trabalho independente me repassou algumas mudas por um valor bem acessível. Apesar da sugestão do amigo de trabalhar mais com o Caupuri por conta do maior rendimento, decidi iniciar com o Tucunacá, variedade Ourinhos e não me arrependi. Na foto abaixo, as mudas já estão grandinhas, algumas com um pendão de 1 metro ou mais, mas quando chegaram eram bem pequenas. Na verdade, algumas chegaram como estacas e daí consegui enraizá-las.
 
 

Quais as motivações para zelar pela Rainha e pelo Jagube?

Após um período de estudo e meditação, decidi ser zelador dessas duas plantas. Esta não foi um escolha pura e simples, mas uma necessidade urgente. No início foi bem difícil, já que busquei ser o mais "independente" possível, tanto em relação à aquisição das primeiras plantas quanto as questões técnicas relativas ao cultivo e manejo propriamente ditos.
 
Já fui vinculado a trabalhos de Daime/Vegetal/Ayahuasca, mas por questões pessoais senti que era hora de trilhar meu próprio caminho, sem "Mestres", "Padrinhos", "Dirigentes" e "Pseudo Irmandades".  Quero que fique claro que nada tenho contra os Trabalhos e Igrejas Institucionais Ayahuasqueiras, muito pelo contrário, tenho grande admiração e respeito pelos Verdadeiros Mestres e Comandos e pelas Verdadeiras Igrejas do Daime/Vegetal/Ayahuasca, mas cheguei em um ponto da minha caminhada espiritual que precisava fazer uma escolha: "Zelar pelas plantas e produzir meu próprio Sacramento" ou "Deixar este caminho". Escolhi a primeira opção. Desde então, estou tendo um grande aprendizado com estes dois Mestres, a Rainha Chacrona e o Rei Jagube.
 
Claro que quando se trilha o caminho do Daime/Vegetal/Ayahuasca nunca se está sozinho. Os Mestres Verdadeiros e a Espiritualidade sempre estão com aqueles que trabalham em prol do Bem. Quando o amor, o respeito, a dedicação, a humildade, a firmeza e o merecimento estão presentes, qualquer trabalho prospera.